Crônica Medo de Sapos

        


                                             





                                                MEDO DE SAPOS

                                                                                Ivete Rosa de Souza

Não sei se é normal ter medo de sapos. Mas eu tenho verdadeiro pavor. Trabalhava como estagiária em um centro de ajuda a pessoas carentes. Uma certa tarde tive uma indisposição, minha chefe achou por bem me mandar ao médico; fui, constataram que eu estava com problemas gástricos, me deram dispensa por três dias.

Jovem e irresponsável ao invés de ir direto para casa, resolvi ir à casa de uma Tia, que morava ali próximo, ela tinha um lindo jardim na parte lateral da casa.

Eu muito abelhuda me curvei para cheirar uma das flores, que eram da cor violeta, lindas por sinal, eu curiosa, me abaixei ainda mais um pouco na intenção de colher uma delas. E para minha surpresa apareceu sei lá de onde um sapo preto enorme, que pulou em minha direção, pá deu de encontro a minha testa. Foi uma pancada extraordinária.

Mas o medo foi maior, ali mesmo eu desmaiei.

Devo ter gritado ou feito estardalhaço, porque acordei com meus primos e minha tia segurando um pano molhado na minha testa. Quando meus primos moleques brincalhões e desordeiros, souberam o que tinha acontecido, correram para o quintal para pegar o Zé, quem diria o sapo era um animal de estimação da casa.

 Havia aparecido em um dia de chuva e se abrigado no jardim. Minha tia gritou para os filhos que não trouxessem o Zé para dentro da casa, eles obedeceram, mas continuaram a zombar de mim.

 Não sei se outras pessoas passaram por situação parecida, mas eu tenho medo realmente. Já passei por psicólogos, fiz terapia, mas o medo, o pavor me causa enjoo e até dor de cabeça. Um mal-estar que dura dias. Já passei a casa dos sessenta como dizem, mas o medo continua o mesmo.

Em outra ocasião já casada, em uma viagem, acampávamos em várias cidades ao longo da estrada. Estivemos em Blumenau e chegamos a um camping.

         Era tarde para conseguir montar barraca, então aceitamos ficar em um chalé. A primeira coisa que eu vi foram vários sapos amontoados na varanda que dava entrada ao chalé. Congelei.

 Meu esposo riu e me pegou ao colo, empurrou a porta e me colocou sobre a cama, ali eu estaria segura. E foi lá fora espantar a reunião de sapos.

Estava com vontade de fazer xixi. Criei coragem olhando para todos os lados e fui ao banheiro. E o que estava na frente da privada me deixou desesperada, gritei o mais alto que pude, corri para fora do quarto. Meu marido todo sem graça correu atrás de mim pedindo que eu parasse, e eu parei dentro do carro. Dali ninguém ousou me tirar. Passamos a noite dentro do carro. E no dia seguinte pegamos a estrada para outro destino.

 

 

 


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