Carpe Noctem | Capítulo II


Acordei de manhã e lembrei de tudo que havia acontecido. Inácio era a pessoa que eu mais desejava agora, mesmo ele sendo um fantasma muito requintado.


Minha Tia Lucília me mostrou as fotos e documentos dessa casa. As coisas não estavam tão claras como parecia. Inácio era um bom cavaleiro e o seu cavalo era muito bem treinado. Acredito em acidentes, mas depois de olhar os documentos dos bens de Inácio, verifiquei que a irmã dele tomou posse de tudo que ele tinha e transformou o casarão em um bordel para os donos das fazendas da região e Inácio queria montar uma escola de artes para que todos aprendessem a pintar e a conhecer todos os ramos da arte como música clássica. 


Fiquei chocada com a mudança que o casarão tomou depois da morte dele e ela ganhou todos os bens e ficou rica. Os clientes eram fazendeiros e ela negociava com eles para tirar os artistas do local. Janine era o nome dela. 


Inácio uma vez, fez uma pintura de Janine. Ela ficou horrorizada pois ele fez um quadro onde muitos acharam ela linda. Mas ela era linda, e o ciúmes daquelas pessoas por elogiarem a obra do irmão a deixou enfurecida. Ninguém havia elogiado a sua beleza antes. Isso fez com que ela tivesse ódio daquele quadro. Por vezes ela achava que era um golpe do seu irmão para que ninguém falasse com ela, só sobre o quadro.


Misteriosamente Inácio morreu com a queda do cavalo. No mesmo dia o quadro foi queimado. 

Eu precisava falar com Inácio. tudo isso tinha que ter respostas. A morte dele poderia ser um ato de vingança. 


Esperei ansiosa pela noite e quando ela surgiu eu esperei por ele e Inácio apareceu na rua. 

— Clarice. Está uma linda noite e sua beleza só a deixa mais deslumbrante.

Eu sorrio para ele e o abraço, coloco minha cabeça em seu peito e ele me abraça. intrigado, ele me pergunta:


— O que houve Clarice? 

— Eu sei de tudo Inácio. seu acidente, seu cavalo, sua morte e sua irmã. 

— Muitos séculos passaram Clarice. Eu não tenho ideia de como pode me ajudar. Sou agora um ser que vaga na escuridão, sem retorno, condenado e abandonado. 

— Podemos tentar. Você tem poderes. algo que me faça reverter isso tudo. 

Eu vi Inácio pegar uma chave do seu bolso e colocar na minha mão. Ele sorriu e me disse:

— Quando colocar a chave na sua porta você voltará para o meu século uma hora antes do meu acidente. Mas se for arriscado, não faça nada. A chave te trará de volta em duas horas. 



Eu dou um beijo na boca de Inácio e corro até a porta. coloco a chave e sinto uma leve brisa que faz a noite se transformar em dia. 


Muita gente trabalhava no local o casarão estava quase pronto. Alguns cômodos já estavam prontos e vi a irmã do Inácio segurando um espelho de um metro de tamanho e subindo para o quarto dela. Logo em frente Inácio estava dando voltas com o seu cavalo enquanto alguns homens transportavam as madeiras para o interior do casarão. Janine estava na janela no segundo andar, ela estava com o espelho na mão e o reflexo do Sol quase me cegou. eu coloquei o braço na frente e percebi o que ela pretendia fazer. 


Corri para a estrada onde Inácio passaria e quando o vi chamei desesperadamente. Ele estava correndo com o cavalo e a Janine percebeu que ele iria parar e movimentou o espelho jogando os raios do Sol em sua visão, mas o Inácio estava olhando para mim e ele conseguiu parar o cavalo e descer com segurança.


Inácio gritou com a irmã e disse para tomar cuidado com  o espelho pois poderia causar um acidente. 


Ele veio até mim e eu entreguei a chave para ele.


— Onde achou essa chave? 

— Estava comigo o tempo todo Inácio. 

De repente Inácio se lembrou de tudo.

 — A chave tinha a memória de tudo que passei. Você me salvou Clarice. Mas você tem que voltar para o seu tempo. Você não pertence a este lugar. 

— Quero ficar com você Inácio. Agora não é mais um fantasma e temos uma escola de artes para montar. 

Eu vi o seu sorriso. Nós nos abraçamos e agora teríamos uma nova vida pela frente.



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