Arte Bárbara - Arquitetura Gótica

Tríade das Sombras

Cenário nefasto, penumbra e um certo ar de mistério são elementos construtivos para diversas vertentes da esfera visual, literária e musical. 

Eis o surgimento do estilo gótico nos palcos da Idade Média, auge do século XII. Na Europa berço do estilo gótico mais precisamente na França durante a Dinastia Capetíngia - do francês "Capétiens" (também chamada de Dinastia Capetiana), considerada uma das casas reais de maior influência de todas as dinastias por ter cravado as bases do Estado francês. Voltando ao estilo, o gótico só foi intitulado assim pelos iluministas para lembrar a todos que a arte era de origem bárbara, vinda do Godos, povo germânico habitantes da Escandinávia.

Catedrais, Mosteiros e Túmulos

Catedral de Amiens

O estilo nasceu originariamente da arquitetura gótica, também conhecida como ogival. Tendo diversas construções espalhadas pela Europa, uma das construções que particularmente acho fascinante é a Catedral de Amiens no norte da França. E não é para menos, a catedral é símbolo sagrado da arquitetura gótica. Também se destaca a Igreja Negra, localizada em Brasov, sudeste da Transilvânia (Romênia). A igreja leva esse nome devido a um incêndio pelo qual sofreu em 1689. Os traços verticais suntuosos e finos são fortes características de ambas. A verticalidade está muito presente nas construções, era uma forma de estar mais próximos de Deus, assim como as abóbadas ogivais em cruzaria, que são aqueles arcos gigantescos nos tetos e portais. Essas abóbadas ogivais são uma referência ao espaço celestial onde habita o divino. Mas vale lembrar que tais características não se restringem somente às catedrais ou outros espaços religiosos, a arquitetura gótica também está expressa em detalhes de lápides de figuras nobres. 

Claustro do Mosteiro de Alcobaça

Mosteiro de Alcobaça

Em Portugal durante o reinado de D. Afonso Henriques foi doado aos monges Cistercienses (Ordem de Cister, os guardiões silenciosos) um terreno para a construção do Real Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça. A construção seguia a verticalidade e traços finos, porém mais herméticos e sem excesso de figuras para não roubar a distração dos monges. Além desse hermetismo todo, o mosteiro abriga os túmulos de D. Pedro I(Não é o nosso D. Pedro) e D. Inês de Castro. A história dos dois é bastante conhecida. Enfim, quando D. Pedro I tomou conhecimento do que houve com a sua amada mandou construir um túmulo decente para Inês, seguindo o estilo suntuoso do Mosteiro, o calcário usado na construção veio da região de Coimbra porém não se sabe quem construiu. D. Pedro I veio a falecer 12 anos após a morte de Inês e seu túmulo foi construído ao lado dela. As lápides são consideradas obras primas da escultura gótica portuguesa. 

Lápide de D. Pedro I

Lápide de Inês de Castro

Em suma, a arquitetura gótica guardou em seus traços refinados o medievalismo de quando o estilo nasceu, perpetuando-se entre os séculos. Essa memória construtiva inspirou outras vertentes como a literatura, a música e a moda. A religiosidade, o luto, o hermetismo e o amor impossível são premissas inconfundíveis do gótico raiz. A arquitetura contou sua história e nós adeptos ou não do estilo gótico elucidamos nossas fantasias.